Durante visitas aos museus, meu grupo e eu percebemos que as mulheres ali retratadas eram mulheres-objeto muitas vezes representadas por homens, e que poucas eram as obras feitas por artistas mulheres. O contraste entre representação de mulheres por mulheres e de mulheres pelos homens era evidente, e nos mostrou como ainda estamos distantes da igualdade. Deste modo, resolvemos nos aprofundar na questão da visibilidade da mulher nas esferas sociais, levantando questões como, por que são poucas as artistas dentro dos museus? Por que na história há sempre a presença do inventor ou o pioneiro e não de inventoras e pioneiras? Talvez seja porque como disse Simone de Beauvoir “Toda história das mulheres foi escrita por homens”, uma vez que é inegável a invisibilização intencional de mulheres na história.
Nossa proposta então foi desenvolver um editorial de periódico do segmento fanzine onde abordamos o feminismo com ênfase na visibilidade oculta da mulher como pioneira em diversos segmentos. Em suas edições, trabalhamos o feminismo como uma ferramenta de empoderamento dessas mulheres esquecidas pelo tempo e que tiveram poucas oportunidades de expor seus estudos e trabalhos.
Com o objetivo de causar uma proximidade com o(a) leitor(a), trouxemos um formato de diário de bordo a partir dos pontos de vista dessas mulheres, com as próprias artistas contando suas histórias. O diário é um item de registro pessoal por meio de uma descrição mais informal; onde objetos pessoais e fotografias podem ser inseridas sem uma ordem regular ou uma cronologia. Essa abordagem de texto em primeira pessoa proporciona um contato mais próximo com os leitores e, para reforçar essa ideia, fizemos o uso de uma tipográfica manuscrita e uma disposição de elementos de página não-ortodoxa, pensando que cada artista escreveu seu diário e colou suas imagens ali sem compromisso.
O nome escolhido para o periódico foi Femnidona. O nome surgiu após uma pesquisa que fizemos sobre fotografia e os métodos de revelação e chegamos a fenidona, uma emulsão de fenil e utilizada como agente revelador de fotos e principal substituto do modo de revelação com metol. A semelhança das palavras fenidona e feminismo nos remeteu ao principal objetivo dessa fanzine: revelar o talento e o trabalhos das mulheres ao longo dos anos.
Na primeira edição, abordamos a visibilidade da mulher nas áreas de cinema e fotografia, como
o subtítulo de “mulheres atrás das câmeras”. Apresentamos as histórias de quatro mulheres pioneiras desses segmentos. Mulheres essas, que enfrentaram desafios e barreiras por serem mulheres
e executarem um trabalho exemplar mas não obterem o devido reconhecimento por suas obras apenas por serem de um sexo diferente. São elas:
Carmen Santos (1904 - 1952) - Fundou a primeira produtora de filmes comandada por uma mulherCarmen produziu, protagonizou, escreveu e dirigiu a maioria de seus filmes.
Alice Guy-Blaché (1873 - 1968)  - Foi a primeira mulher diretora e roteirista de ficção para cinema da história. Suas produções apresentam diversas inovações em relação ao sistema de sincronia de som e imagem, colorização, seleção de elenco multirracial e gravações de cenas externas.
Hannah Höch (1889 – 1978)  - Rainha dadaísta, deu visibilidade ao movimento de fotomontagem com suas obras que trabalhavam a justaposição e o contraste da mulher tradicional e mulher moderna alemã. Ela questionava em suas obraas relações culturais do papel da mulher na sociedade e questões de gênero.
Margaret Bourke-White (1904 - 1971)  - Foi a primeira fotografa de guerra feminina da história. 
Foi enviada à Rússia onde cobriu os primeiros bombardeios em Moscou durante a 2ª Guerra Mundial. Também conseguiu fotografar o front de batalha e diversos cenários de soldados em
críticas situações.
Mentes criativas e pensantes por trás da Femnidona:

Andressa Burjato
Erik Luiz
Juliana Harmatiuk
Larissa Pereira
Marina Nogueira 
Michael Schutz
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